sábado, 11 de agosto de 2012

Daniel Munduruku




A escrita é uma técnica. É preciso dominar essa técnica com perfeição para poder utilizá-la a favor da gente indígena. 
Técnica não é negação do que se é. 
Ao contrário, é afirmação de competência. 
É demonstração de capacidade de transformar a memória em identidade, pois ela reafirma o ser na medida em que precisa adentrar no universo mítico para dar-se a conhecer ao outro.


(Daniel Munduruku)


Escrita indígena: registro, oralidade e literatura: O reencontro da memória. Disponível em: http://www.revistaemilia.com.br/mostra.php?id=51

Literatura indígena


"Ê, ê, ê, ê, ê, Índio quer apito, 
Se não der pau vai comer! "

Em pleno século XXI, por incrível que pareça, essa é a visão simplista de muita gente em relação aos povos indígenas. Cercados de tabus e estereótipos, escritores indígenas tem mantido uma luta constante para divulgar os valores desses povos há tanto tempo negligenciados.
Deixo abaixo um exemplo de escrita dilacerante, que dispensa qualquer explicação.



"As mulheres indígenas do planeta terão suas terras roubadas, suas culturas e espiritualidades dilaceradas, suas vidas ceifadas e gerações e gerações de filhos discriminados na sociedade urbana e rural e desprezados pelos políticos e empresários. Terão suas culturas penduradas em Museus ou demonstradas em desfiles de Carnaval, como seres do passado, ou do folclore. Servirão de chacotas em cidadelas e pedirão esmolas. Os homens se embriagarão e ficarão fracos ou loucos. Seus filhos serão frágeis e uma onda de extermínio acobertará tribos inteiras, até que mulheres e homens fortes, como muitos líderes que virão ouçam a voz da ancestralidade, vejam as marcas de jenipapo cravadas nas caras étnicas como uma marca imposta por Mim - NHENDIRU, o Criador - e que sintam a chama eterna da IDENTIDADE INDÍGENA para ser respeitada e aceita, como um exemplo para o planeta terra. Exemplo de uma etnia humana que sangrou, retomou a voz ancestral e ética e sobreviveu a todo o processo de escravidão do passado e do presente e que realmente possa ensinar a filosofia da igualdade e fraternidade. Porque os povos indígenas são meus filhos primogênitos dos cinco continentes, foram os primeiros que Eu coloquei neste planeta, por conhecerem o princípio ético do equilíbrio na natureza. Povos indígenas devem ser exemplo do BOM CONVÍVIO COM A SOCIEDADE E A NATUREZA. Exemplo de prosperidade ética e espiritual." 

Trecho do texto: Quer ser mulher? Perguntou Deus! - Por Eliane Potiguara


ELIANE POTIGUARA
Cidade dos Cristais, RJ, Brasil

Escritora que corre mundo e escreve os caminhos e descaminhos da vida. Eliane Potiguara (Brasil)Foi indicada em 2005 ao Projeto Internacional "Mil mulheres ao Prêmio Nobel da Paz", é escritora, poeta, professora, formada em Letras (Português-Literatura) e Educação, ascendência indígena Potiguara, brasileira, fundadora do GRUMIN / Grupo Mulher-Educação Indígena. Membro do Inbrapi, Nearin, Comitê Intertribal, Ashoka (empreendedores sociais), Associação pela Paz, Cônsul de Poetas Del Mundo. Trabalhou pela Declaração Universal dos Direitos Indígenas na ONU em Genebra. Seu último livro é “METADE CARA, METADE MÁSCARA”, pela Global Editora. Ganhou o Prêmio do PEN CLUB da Inglaterra e do Fundo Livre de Expressão, USA. Site pessoal: http://www.elianepotiguara.org.br/  

OBS.: Descrição extraída do site da autora.