"Ê, ê, ê, ê, ê, Índio quer apito,
Se não der pau vai comer! "
Em pleno século XXI, por incrível que pareça, essa é a visão simplista de muita gente em relação aos povos indígenas. Cercados de tabus e estereótipos, escritores indígenas tem mantido uma luta constante para divulgar os valores desses povos há tanto tempo negligenciados.
Deixo abaixo um exemplo de escrita dilacerante, que dispensa qualquer explicação.
"As mulheres indígenas do planeta terão suas terras roubadas,
suas culturas e espiritualidades dilaceradas, suas vidas ceifadas e gerações e
gerações de filhos discriminados na sociedade urbana e rural e desprezados
pelos políticos e empresários. Terão suas culturas penduradas em Museus ou
demonstradas em desfiles de Carnaval, como seres do passado, ou do folclore.
Servirão de chacotas em cidadelas e pedirão esmolas. Os homens se embriagarão e
ficarão fracos ou loucos. Seus filhos serão frágeis e uma onda de extermínio
acobertará tribos inteiras, até que mulheres e homens fortes, como muitos
líderes que virão ouçam a voz da ancestralidade, vejam as marcas de jenipapo
cravadas nas caras étnicas como uma marca imposta por Mim - NHENDIRU, o Criador
- e que sintam a chama eterna da IDENTIDADE INDÍGENA para ser respeitada e
aceita, como um exemplo para o planeta terra. Exemplo de uma etnia humana que
sangrou, retomou a voz ancestral e ética e sobreviveu a todo o processo de
escravidão do passado e do presente e que realmente possa ensinar a filosofia
da igualdade e fraternidade. Porque os povos indígenas são meus filhos
primogênitos dos cinco continentes, foram os primeiros que Eu coloquei neste
planeta, por conhecerem o princípio ético do equilíbrio na natureza. Povos
indígenas devem ser exemplo do BOM CONVÍVIO COM A SOCIEDADE E A NATUREZA.
Exemplo de prosperidade ética e espiritual."
Trecho do texto: Quer ser mulher? Perguntou Deus! - Por Eliane
Potiguara
ELIANE POTIGUARA
Cidade dos Cristais, RJ, Brasil
Escritora que corre mundo e escreve os caminhos e
descaminhos da vida. Eliane Potiguara (Brasil)Foi indicada em 2005 ao Projeto
Internacional "Mil mulheres ao Prêmio Nobel da Paz", é escritora,
poeta, professora, formada em Letras (Português-Literatura) e Educação, ascendência
indígena Potiguara, brasileira, fundadora do GRUMIN / Grupo Mulher-Educação
Indígena. Membro do Inbrapi, Nearin, Comitê Intertribal, Ashoka (empreendedores
sociais), Associação pela Paz, Cônsul de Poetas Del Mundo. Trabalhou pela
Declaração Universal dos Direitos Indígenas na ONU em Genebra. Seu último livro
é “METADE CARA, METADE MÁSCARA”, pela Global Editora. Ganhou o Prêmio do PEN
CLUB da Inglaterra e do Fundo Livre de Expressão, USA. Site pessoal:
http://www.elianepotiguara.org.br/
OBS.: Descrição extraída do site da autora.