Pode parecer ironia, ou até mesmo uma piada de muito mau gosto, mas os seres humanos nunca estiveram tão distantes uns dos outros. A ideia de que a tecnologia aproxima as pessoas, torna-se cada vez menos convincente. Afinal, o isolamento causado pelas “grandes redes sociais” soa como um grande paradoxo: pessoas exibem centenas de “amigos virtuais”, apesar de não saberem sequer o nome do vizinho que mora ao lado.
Quem já recebeu uma carta, escrita à mão, entregue pelo carteiro, compreende muito bem do que estou falando... Não dá para comparar com a frieza do e-mail.
Calma... não precisa se revoltar... Não sou contra a tecnologia (acho até mesmo difícil imaginar a vida sem o google), mas uma coisa não exclui a outra, ou seja, apesar de ser adepta das novidades digitais, não posso fechar os olhos para a complexidade humana, a qual, (in)felizmente, nem mesmo a precisão de um software é capaz de desvendar.
Complexidade do ser humano...
O diretor australiano Adam Elliot, de 38 anos, é um homem de coragem. Levou o Oscar de melhor curta de animação em 2004 por Harvie Krumpet e agora faz sua estreia no longa-metragem em um projeto bastante ousado. Trata-se de "Mary e Max — Uma Amizade Diferente", filme realizado com massinha de modelar, praticamente todo narrado, que apresenta temas pesadões como suicídio, desemprego e obesidade. Obviamente, não dá para indicá-lo às crianças. Mas sua mistura agridoce de drama e humor pode cair no agrado dos adultos. Segundo o cineasta, a trama tem inspirações reais. Começa em 1976, flagrando o cotidiano de Mary Daisy Dinkle, uma menina australiana de 8 anos que mora num subúrbio de Melbourne. Ignorada pelos pais, a garota está curiosa para saber de onde vêm os bebês. Por isso escreve, aleatoriamente, a um estranho de Nova York. Lá nos Estados Unidos, Max Horovitz recebe a carta dela. Gordo, solitário e sem emprego, esse judeu de 44 anos encontra conforto nas palavras da nova amiga. Mary e Max descobrem, então, paixões em comum, entre elas o chocolate, e se correspondem por quase duas décadas.
http://vejasp.abril.com.br/cinema/mary-max-uma-amizade-diferente (Abril de 2010)
O filme Mary e Max – uma amizade diferente desencadeou uma série de reflexões acerca de assuntos variados. Amizade, solidão, sonhos... Temas universais abordados de forma cômica e comovente pelo diretor Adam Elliot.
O ser humano. Sua beleza. Sua complexidade.